Atividade Final

Faculdade Federal de Goiás
Polo Itumbiara
Especialização em Mídias na Educação

Disciplina: Sociedade, Cultura e Tecnologia
Professor: Cleomar Rocha
Orientadora: Nilsângela Santos

Cursistas: Eliene Brito Medeiros
Lauricéa Aquino Ramos Vilela

Vivemos um tempo em que a mídia se torna um terreno fecundo para problematizar as políticas de identidade. O presente texto destaca as vantagens da utilização das mídias na educação, especificamente, a aplicação e a contribuição que os mesmos podem promover nos espaços de aulas meramente expositivas, refletindo sobre a necessidade da mudança de paradigma que viabilize a inserção de recursos tecnológicos de forma significativa na construção do conhecimento. Durante os estudos realizados neste módulo fica claro a importância da integração de uma ou mais mídias na educação. Percebemos ainda, a barreira que veem de encontro com estas tecnologias, cujos estudos comprovaram a necessidade da inclusão dos recursos midiáticos pelos docentes, enquanto ferramentas pedagógicas em sua rotina de sala de aula, rompendo assim com paradigmas arcaicos referentes à forma de ensinar e de aprender.
Quando ouvimos falar em tecnologia, normalmente nos vem à cabeça a ideia de complexos artefatos tecnológicos e não nos damos conta de que utilizamos diversas tecnologias que já estão incorporadas ao nosso cotidiano, como: pentes, escovas, canetas, lápis, talheres, óculos, termômetros etc. O fato é que as tecnologias mudam os padrões de trabalho, do lazer, da educação, do tempo, da saúde e da indústria, permitindo a criação de uma nova sociedade, novas atmosferas de trabalho, novos ambientes de aprendizagem.
Segundo Lucia Santaella a gente já vive imerso nesta gelatina de informação e cada pessoa tem o seu filtro, sua maneira de se relacionar com isso. A compreensão dessa realidade nos remete às mídias que, especificamente, envolve a aquisição, o armazenamento, o processamento e a distribuição da informação por meios eletrônicos e digitais, como rádio, televisão, telefone e computadores, entre outros. Avanço resultante da fusão das tecnologias de informação, antes referenciadas como informática, e as tecnologias de comunicação, relativas às telecomunicações e mídia eletrônica.
O advento da tecnologia revolucionou a relação do homem com a informação. Se antes a questão-chave era como ter acesso às informações, hoje elas estão por toda parte, sendo transmitidas pelas mídias de diversas formas. Marcelo Tas nos fala que a tecnologia nos dias de hoje se faz presente na educação e na vida de nossos educandos. Por isso almejamos por capacitação e ousadia no que tange o educador e educando. Na pedagogia tradicional o conhecimento era derramado sobre a criança como se ela fosse um ser vazio, tábula raza, onde ela era moldada por um modelo de educação que não permitia a ela desenvolver seu potencial criativo. Segundo Paulo Freire: “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”.
O educador tem como função mediar o conhecimento e propiciar a construção do mesmo e nada mais oportuno do que Mídias na Educação, porque se sabe que estamos na geração digital, que vivencia a cultura do disponível, e interage com ferramentas, conectados à internet e têm acesso a uma gama de informações que os deixam à frente de muitos professores. Não devemos esquecer que a tecnologia é tão somente um "apoio", um suplemento importante para a educação. Capacitar é preciso para não ficarmos a mercê de nossos educandos e da tecnologia. A informação e o conhecimento não se encontram mais fechados no âmbito da escola, mas foram democratizados. O novo desafio que se abre na educação, frente a esse novo contexto, é como orientar o aluno, a saber, o que fazer com essa informação, de forma a internalizá-la como conhecimento e, principalmente, como fazer para que ele saiba aplicar este conhecimento de forma independente e responsável. A mídia neste alvorecer de século pode oportunizar novos olhares, oferecer outras possibilidades para subsidiar este debate inesgotável entre profissionais/pesquisadores do campo da Educação e da Comunicação. Além disso, não se pode desconsiderar como bem nos lembra Veiga-Neto (2000, p. 197), que “boa parte da modelagem pretendida pelo neoliberalismo é feita pela mídia, pelo marketing, pela indústria cultural”.
Tornou necessário, nos dias atuais, criar espaços para a identificação e o diálogo entre várias formas de linguagem, permitindo que as pessoas se expressem de diferentes maneiras. Neste sentido, as mídias passam a configurar novas maneiras para os indivíduos utilizarem e ampliarem suas possibilidades de expressão, constituindo novas interfaces para captarem e interagirem com o mundo. Permitindo, portanto, o uso das múltiplas capacidades de expressão por meio de variadas linguagens constituídas de signos orais, textuais, gráficos, sonoros, entre outros.
Lemos se refere aos punks da cibernética, citando a fala: ‘olha, aproveite a tecnologia, faça da tecnologia o que você puder, faça dessa tecnologia uma obra de arte, porque só assim você vai poder dominar esse sistema, e não deixar que outros dominem o sistema e você junto’ (PP. 138). Lemos refere-se a não temer aventurar-se, é preciso fazer o máximo uso de ferramentas tecnológicas, procurando sempre inovar... Não se aprende tão somente com a teoria, a prática, a coragem de arriscar e de inovar, faz com que possamos dominar esse sistema, e então não sermos dominados por outros que o dominarem. Na disciplina Sociedade, Cultura e Tecnologia estamos tendo contato com várias ferramentas para discutir e apresentar nossas atividades. Quando nos é proposto tais atividades que vão além do moodle, certamente alguns de nós iremos nos deparar com algo que nos é novo e que poderá ser utilizada em outras situações, em que disso dependerá a nossa criatividade, a coragem de buscar algo mais. Isso é muito relevante, pois acaba nos proporcionando contato com vários dispositivos e nos possibilita aprender a usar os mesmos, uma vez que isso é necessário tanto no nosso dia a dia quanto na atuação em sala de aula. Aproveitar a tecnologia, fazer o que pudermos com ela é o que estamos desenvolvendo no curso de Mídias na Educação, quando, por exemplo, aprendemos a lidar com vídeos, criamos blogs, etc. Aprender a dominar esse sistema é importante para que tenhamos mais subsídios e novas experiências para nossa prática diária. Há ainda a oportunidade de ampliarmos as informações que partilhamos entre nós para além do curso e de buscarmos mais informações fora do que é disponibilizado.
Segundo Almeida, compreender as diferentes formas de representação e comunicação propiciadas pelas tecnologias disponíveis na escola, bem como criar dinâmicas que permitam estabelecer o diálogo entre as formas de linguagem das mídias, são desafios para a educação atual.
As tecnologias que num primeiro momento são utilizadas de forma separada - computador, celular, Internet, mp3, câmera digital - caminham na direção da convergência, da integração, dos equipamentos multifuncionais que agregam valor. Estas tecnologias começam a afetar profundamente a educação, que sempre esteve e continua presa a lugares e tempos determinados: escola, salas de aula, calendário escolar, grade curricular.
Entretanto, apesar dos crescentes avanços que ocorrem permanentemente ao nosso redor - principalmente o avanço tecnológico –, a maioria dos educadores resiste às mudanças de sua prática pedagógica a favor de resultados mais significativos no processo ensino-aprendizagem. Os educadores se restringem a reproduzir o modelo da formação acadêmica que vivenciaram durante sua vida escolar.
A evolução da tecnologia de comunicação e a criação de novos aparatos audiovisuais que produzem material videográfico são pontos que justificam a necessidade de aprender mídias nas escolas visto que requerem novas competências de leitura, avaliação e produção que precisam ser apropriados pelos envolvidos no seu desenvolvimento. Cada meio possui características que são peculiares e demandam conhecimentos para que se tornem eficientes.
Atualmente, como receptores alunos e o público em sua maioria são “bombardeados” por textos visuais. O grande perigo está em aceitar o significado óbvio que eles aparentam e esquecer que para chegar a esse significado há a necessidade do uso de uma linguagem que passa despercebida. O estudo dos textos visuais e da linguagem visual contribui para que o aluno entenda de forma geral e possa, a partir de suas próprias capacidades intelectuais, utilizarem essa habilidade em outras situações. Esse é mais um motivo para o estudo das mídias nas escolas. Na interpretação, é possível entender os códigos: de cor e sombra que são utilizados para conseguir uma determinada atmosfera; de enquadramento, angulação e perspectiva que marcam a relação entre o leitor e o objeto que aparece na ilustração; de sequência e relações cronológica e causal entre as ilustrações; além dos significados simbólicos associados a objetos, cenários e estilos gráficos; os que estão associados com gestos, expressões faciais e vestuário e os códigos do tipo narrativo ou expositivo (Quin e Sanchez, 1999, p.131-132).
Cada indivíduo possui uma forma peculiar de aprender. Assim sendo, as aulas tradicionais que tratam todos de maneira uniforme, contemplam um público restrito, levando-se a crer que as mídias estão presentes e devemos ousar no sentido de utilizá-la como instrumentos alternativos que poderão possibilitar uma prática pedagógica mais dinâmica, visando à melhoria do desempenho acadêmico dos discentes.
Sabe-se que a prática da aula expositiva predomina na maioria dos espaços escolares, inclusive nas universidades, pois foi e continua sendo a referência que a população letrada possui dos ambientes de aprendizagem que frequentaram ou que ainda frequentam.
Porém, é importante considerar que esta prática apesar de ser bastante discutida e relativamente condenada, não deve ser abominada na íntegra. O que se percebe é que ela não pode continuar sendo o único meio de conduzir o processo ensino-aprendizagem, uma vez que não garante mais o suposto sucesso que um dia lhe foi conferido.
Para o profissional da educação não é mais possível desconhecer as crescentes e constantes mudanças que vem ocorrendo na sociedade. Elas impõem que os educadores inovem, diversifiquem e dinamizem suas metodologias de trabalho, objetivando maior interação entre os atores envolvidos no processo educativo e, consequentemente, um significativo avanço na qualidade do ensino e da aprendizagem.
Segundo Moran (2000, p 38), “as pessoas que não mudarem, ficarão para trás e isso as faz atentas a novas informações e atualizações necessárias”. Entretanto, para conseguir acompanhar estes avanços que vêm ocorrendo na sociedade é necessário que o educador seja preparado para tal através de formações que o habilite a lidar com as inovações dentro do espaço escolar. Conforme Viana (2004, p 39), E, de acordo com Mercado (2002, p 13), “a escola é um espaço privilegiado de interação social, mas este deve interligar-se e integrar-se aos demais espaços de conhecimento hoje existentes e incorporar os recursos tecnológicos e a comunicação [...]”.
Portanto, como contribuir para esta tão desejada transformação social sem mudar os espaços escolares? Diante de tantas mudanças na forma como a sociedade vem se organizando, a escola está sendo pressionada a mudar; caso contrário, irá cada vez mais ficar longe de cumprir sua função social.
Há de se considerar também que os meios ativam nos alunos alguns mecanismos perceptivos e mentais diferentes (Ferrés, 1998, p. 136). Saber como conjugá-los permite compensar possíveis déficits derivados de outros meios. Ademais abordar uma realidade de diferentes perspectivas enriquece o processo de aprendizagem. Tornando-se, portanto, do ponto de vista dos professores e dos desenvolvedores mais uma razão para ensinar mídias nas escolas.
Uma adequada alfabetização audiovisual significa compreender as mensagens suportadas mediante imagens e também a capacidade de comunicar-se através delas para que no papel de receptor seja capaz de entender todas as particularidades da linguagem, assim como saiba se defender do poder de sedução (Graells, 2000, p.2).
Ao retomar a situação das salas de aula ou seja das aulas ministradas hoje, o cenário poderia ser outro se os professores tivessem a formação em mídias que lhes permitiriam obter melhores resultados com os alunos. A melhoria de suas habilidades de comunicação e a provocação de situações que pudessem associar o conhecimento já adquirido pelos alunos para a partir daí introduzir o uso das mídias, seria um fator propício para desenvolver uma aprendizagem mais significativa, despertar a motivação e o interesse dos alunos, tornando as aulas muito mais produtivas. Considerando que a escola é um espaço privilegiado de construção do conhecimento, o momento exige que o fazer pedagógico não se limite ao discurso monólogo, a relação de conteúdos pré-estabelecidos, a saberes pronto. Faz-se necessário que o fazer educativo esteja atrelado a variados caminhos e alternativas, provocando interesse a todos os envolvidos no processo de aprendizagem.
Utilizo o trecho do texto do Profº Dr.Cleomar Rocha para finalizar o texto: As atividades em ambientes virtuais de aprendizagem têm se tornado, por assim dizer, atividades isoladas em rede, visto que as salas, em quaisquer plataformas de ensino, têm sido usadas como ambientes dotados de uma série de serviços, como estratégia de autossuficiência. Em outros termos, estão isoladas na Internet. Os alunos e professores (também chamados tutores ou orientadores) restringem suas ações aos ambientes – AVA - e suas possibilidades. Todas as atividades, de postagem, de fórum, salas de bate-papo, mensagens instantâneas ou não, enfim, as atividades estão definidas e delimitadas ao espaço do AVA, sendo que quaisquer tentativas de se utilizar recursos externos não apenas não são incentivadas, mas são desaconselhadas ou mesmo impedidas. Cria-se uma microestrutura isolada no grande universo da informação, a Internet.
Contudo, o ensino de mídias nas escolas irá beneficiar tanto discentes quanto docentes e produtores na formação de leitores capazes de identificar significados nas mensagens veiculadas por diversos meios. A capacitação adequada ajudará os docentes a criar situações que tragam significado ao aprendizado dos alunos. Poderão ajudar a formar cidadãos críticos, capazes de identificar as armadilhas dos meios de massa que usam da sedução da imagem para manipular e através de uma interpretação que se utiliza de diversos canais poderão ampliar sua visão de mundo, se elencarmos no nosso planejamento a mídia como diferencial no processo ensino aprendizagem.